segunda-feira, 22 de junho de 2009

O Banheiro do Papa

Como conseguir enfatizar um contexto sócio político e econômico nas cenas de um filme? De uma forma muito bem pensada, os Diretores do filme "O Banheiro do Papa", Enrique Fernández e César Charlone, que também é o Diretor de Fotografia, conseguiram passar naturalmente a realidade do que havia acontecido no ano de 1988, na visita do Papa João Paulo II à cidade de Melo, uma vez que o filme se trata de uma história verídica.
O cotidiano é retratado na maioria das cenas do filme, trazendo a realidade nua e crua aos olhos do espectador, com movimentos de câmera simples e perfeccionistas, uma sonoplastia que se adéqua ao contexto das imagens reproduzidas, sobrepondo-se na maioria as vezes ao som ambiente das filmagens. Resultado de muito trabalho, a estética do filme enfatiza a pobreza, a simplicidade e a esperança do povo que vivia lá. Não há como não sentir a força com que age o som nas cenas, como por exemplo, ao observar o protagonista, ao pedalar sua bicicleta, imaginar-se guiando sua tão sonhada motocicleta, ao som de uma trilha que nos remete à liberdade. O uso demasiado de travellings nas passagens de uma cidade à outra, faz com que o espectador praticamente participe da viagem juntamente com o protagonista, o recurso é reforçado com a movimentação da câmera feito quase todo tempo na mão.
O mesmo não se faz diferente com o tratamento de cor utilizado no filme. Há mudança na cor e na luz, ao passo que trocam se as situações. Essas mudanças ocorrem em três momentos determinantes: em locações internas, como a casa do núcleo familiar protagonista, essa destaca a utilização de cores pastéis (cruas) e pouca iluminação; em cenas feitas no caminho que faz o protagonista para chegar à cidade de Aceguá, onde há a predominância da cor azul e boa iluminação; e nas cenas feitas na própria cidade de Aceguá, onde as cores predominantes são as de tons vibrantes e fortes.
A paisagem dos campos se faz presente, como um personagem, que deixa as cenas menos tensas e causa ao espectador um momento de relaxamento. Ela indica também uma marcação espaço temporal no filme, uma vez que acompanha o andamento do ir e vir dos ditos "kileiros", um tipo de contrabandista, de uma cidade a outra em busca do seu sustento. Na sequência da construção do banheiro existem cenas exemplares no uso desse recurso e de outros, de montagem e filmagem, câmeras altas, angulação subjetiva, cortes , colagens de informações, através de cenas de um telejornal, passagens rápidas, entre outros a constituem e fazem com que o espectador participe de todos os momentos enquanto o banheiro é erguido.
Enquanto o desenrolar da trama acontece, podem-se perceber várias induções ao que pode acontecer posteriormente. São os chamados "blefes" que são utilizados em alguns momentos como quando o protagonista ao pedir dinheiro à sua esposa, fica a observando para ver onde ela o guarda. São indícios que remetem à uma realidade, que induz o espectador a sensação de que o protagonista voltará para pegar o dinheiro que a esposa esconde, o que realmente se confirma. No entanto, esse recurso é utilizado em outros momentos, como por exemplo em cenas em que o adultério entre pai e filha ou de que o protagonista entregará sua filha ao patrulheiro que essa sensação se torna evidente, porém os atos não se confirmam e apenas a impressão fica contida na mente do espectador.
É um filme com um requinte especial, que resgata o sentimento vivido através de imagens realmente marcantes, que ajudam nos levar ao clímax dos acontecimentos e que nos trazem a essências real dos elementos mostrados no filme: a comoção, a emoção e a esperança.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Sal de prata: um exercício poético de metalinguagem

É a terceira vez que vejo o filme "Sal de Prata" do diretor Carlos Gerbase e mais uma vez se confirma o que penso em relação ao filme. A primeira vez que vi, aproximadamente dois anos atrás - quando GOSTAVA de cinema, mas nunca havia lido nada a respeito -, eu simplesmente adorei!

Tive a oportunidade de presenciar as gravações de uma cena desse filme - a cena em que Cátia recebe João e Holmes e eles discutem quem vai realizar um dos roteiros de Veronese - e essa experiência foi muito interessante.
Primeiramente, entrar num set de gravações e observar um cenário construído foi, de certa forma, impactante. Era curioso pensar sobre “como ele (o cenário) se tornava tão real dentro da tela?".
Em um grande galpão escuro, bem escuro, haviam paredes erguidas, com portas e janelas, porém não havia teto. A equipe trabalhava fora desse cenário, e eu ali, admirada com aquela “realidade”, acreditando na interpretação dos atores. O diretor - ao meu lado -, sentado em uma cadeira, observava a cena sendo filmada em um pequeno televisor e gritava: Corta! Os atores, que estavam entre as paredes (espaço decorado para representar o apartamento de um dos personagens) simplesmente deixavam de ser aqueles personagens e, toda aquela “realidade”, na qual eu me fazia presente, era quebrada. Em instantes, eles retornavam ao movimento anterior e voltavam a ser Cátia, João e Holmes. Que coisa mágica! – eu pensava.

Claro que, mesmo naquele tempo, eu sabia que os filmes, em sua grande maioria, eram gravados em um set, com um cenário construído e etc, porém, ver de perto tudo isso me provocou a pensar certas coisas que acredito que não teria refletido neste tempo, sem ter vivido tal experiência, não teria me sentido provocada. Quando tudo isso aconteceu, não sabia nada referente ao conteúdo do filme, além do elenco e do nome: “Sal de prata”.
E então... “o que era sal de prata?”
Enfim, só fui entender quando assisti pela primeira vez...
Abaixo, mando um link de um site no qual encontrei uma entrevista com o diretor do filme, Carlos Gerbase:
Sal de prata é uma substância química usada para tornar o filme sensível à luz. É também o nome do quarto longa metragem de Carlos Gerbase. Na verdade, Sal de Prata não é um filme só, são três. Confuso? Nesta entrevista, o diretor e roteirista gaúcho jura que não. Ele fala também sobre como foi trabalhar com as atrizes Maria Fernanda Cândido e Camila Pitanga, sobre a experiência de ter seu roteiro nas oficinas do Sundance Institute (em 2002) e discute os desafios de fazer cinema fora do eixo Rio-São Paulo.

terça-feira, 14 de abril de 2009

Um homem com uma câmera - Dziga Vertov

Como disse Bill Nichols, professor de cinema e diretor do programa de estudos em cinema da San Francisco State University, o filme "Um homem com uma câmera" é um marco na história do cinema, como um documentário reflexivo.
O filme traz uma coletânea de imagens feitas por diversos angulos, como camera baixa e alta. Mostra um olhar inovador do cotidiano de Moscou, com recursos até então desconhecidos. Vertov foi um dos primeiros a usar tecnicas de animação. Neste filme, isso aparece perto do fim quando a câmera passa a ser "protagonista" da cena.
A poética é encantadora, podemos até dizer que o filme é quase uma aula sobre cinema, pois usa com maestria recursos super inovadores de enquadramento, efeitos de imagem, montagem, etc.
Para quem gosta de cinema, vale muito a pena conferir.
Lydhia Góes.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

UM HOMEM COM UMA CÂMERA

“Deslumbrante” é a palavra que encontramos para melhor definir o documentário “UM HOMEM COM UMA CÂMERA” do polonês Diziga Vertov de 1929.
O trabalho do artista preferido do governo russo rompeu então de vez com literatura e a dramaturgia no cinema, trazendo de forma inovadora, grandes efeitos para a linguragem cinematográfica, marcando-a para sempre e perpetuando-se com um marco do cinema mundial.
Através da filmagem do cotidiano do povo da cidade de Odessa na Ucrânia, se utiliza de formatos e técnicas pouco ou quase nada vistas até então, para nos deixar um documento importante para qualquer estudioso ou simples admirador da arte cinematográfica.
Artifícios como: câmera rápida, câmera lenta, câmera subjetiva, elipse e outros nos trás de forma precoce para época, ângulos vistos até hoje em qualquer filme.
Utilizando-se de uma imagem cinematográfica própria, mostra a propaganda da recém formada URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas) mostrando a vida moderna e o caos urbano.
O trabalho nos deixa a impressão de que não há nada mais a ser inventado quanto as técnicas utilizadas para imagens em movimento, câmera alta, câmera baixa, enfocamento e desfocagem, câmera panorâmica, traveling, planos aberto e fechado, enfim o documentário feito em 1929 é extremamente atual do ponto de vista técnico.
Patrocinado pelo poder comunista então instamado sob direção de Lênin, o documentário do artista preferido do regime, servia como propaganda, na época e serve como uma sensacional referência hoje.
Cristian Duarte
Denise Santos
Francisco Amorim

quarta-feira, 25 de março de 2009

Relato sobre a coletânea de filmes dos irmãos Lumière e George Méliès, exibidos na aula do dia 16.03.2009.

No primeiro filme exibido fotogramas de análise do movimento (1986), observamos claramente um estudo de análise do movimento em que aparecem imagens rodadas com uma pequena quantidade de fotogramas por segundo (deixando o filme lento). Nessas imagens aparecem corpos humanos nus, executando tarefas do cotidiano;

No segundo filme, “The dog e his various merits”(1908) obsevamos o uso de cortes;

No terceiro,“Airplane flitht e wreck”(1910) aparece movimento de câmara, mas apenas o uso de panorâmica horizontal;
No quarto filme, "The Edison Manuf Acturing Company" há iluminação artificial, será coinscidência a iluminação artificial aparecer no filme do inventor da lâmpada?
No quinto filme, American Mutoscope e Biograph Co. “Blue” movies, erro parallax?

Cibele Borges
Daniele Quiroga
Felipe dos santos
Roberta Cadaval
Rodnei Flores

sexta-feira, 20 de março de 2009


A disciplina de Cinema e Vídeo é ministrada pela Profª Drª Ana Maio, tem como colaborador o Prof. Msc. Cláudio Azevedo e como alunos:
Cibele Borges
Cristian Duarte
Daniele Quiroga
Denise Martins
Denise Santos
Edivânia do Carmo
Felipe dos Santos
Flávia Menestrino
Francisco Amorim
Jarbas Macedo
Lydhia Góes
Maria Alburquerque
Mônica Santos
Priscila Souza
Rafaela Marques
Roberta Cadaval
Rodnei Flores
Roselaine Cardoso